Há mais vida para além de…
A célebre e oportuna frase do anterior PR, Jorge Sampaio: “ Há vida para além do orçamento”, foi agora replicada pelo” ainda” Ministro da Economia, O Álvaro, com uma tonalidade diferente: “Há mais vida para além da austeridade”.
Se, Álvaro Santos Pereira, foi - e ainda será - um excelente estudioso, que muitos bons livros escreveu sobre a nossa Economia enquanto professor universitário no Canadá, agora, tem tido umas saídas bombásticas, como a de sugerir - quando falou ao povo pela primeira vez, como Ministro - que o tratem por Álvaro, e não por Senhor Ministro. E mesmo trabalhando muito, não temos entendido – talvez defeito nosso – nada do que tem feito a bem da nossa Economia. Parece um imenso Ministro, com um tremendo Ministério, por certo melhor organizado que muito outros, mas que não parece – erro nosso!? – estar a fazer o que esperávamos fizesse. E frases bombásticas, já soam mal, como a da senhora Ministra deste Governo - também quando falou ao povo pela primeira vez como Ministra - que decretou que os homens não podem usar gravata para evitar ligar o ar condicionado, e como será agora, que vem aí o Inverno?.
Bem, mas por certo de ambos ainda veremos muita “obra” na Economia, nas Pescas, na Agricultura, no nosso País, uma vez que, é para “isso” que lá estão.
E, voltando ao “Há mais vida para além de…”, sem duvida que há. Mas, sem duvida que nós, todos, estamos demasiado focados em algum aspecto concreto da nossa existência, que nos ocupa de tal forma o espírito, que não temos, nem vemos, mais vida, para alem de.
E por muito que se pense que se está sempre a bater na mesma tecla, não tenhamos duvidas que a nossa comunicação social ajuda muito a centramos a vivencia diária em aspectos sensacionalistas, que podem não determinar o que mais deveria ser o objecto de focagem, no nosso presente e no futuro.
E agora, como é o que está a dar, a centralidade da maioria dos nossos jornais, dos nossos telejornais, das nossas rádios, é o OE 2012, e na trapalhada toda que por lá anda, e: não há mais vida para além do deficit, nem da austeridade.
E depois criamos em nosso torno, cada dia, por influências longínquas ou mais próximas, algo que não nos deixe ver que, de facto: Há mais vida para além de…
Assim sendo, vamos todos não conseguindo ter horizontes mais alargados, e nas nossas televisões conseguimos só ver muito de bom que ainda fazemos, que ainda nossos concidadãos fazem cá dentro e lá fora, se tivermos “força” para ter a televisão sem som na 1ª hora do telejornal, e na ultima ligarmos o som, e vemos que : Há mais vida para além de…OE 2011, deficit, austeridade, tragédia, desgraça, infortúnio…
E o mesmo, se conseguirmos não estar focados na maioria das primeiras paginas, da grande maioria dos jornais que vemos, na grande maioria das nossas bancas.
Mas se assim continuarmos, sem dúvida que não temos mais vida para além da penúria efectiva que vai ser o ano 2012, e “depois” os seguintes. E claro que vai ser tudo muito difícil, e claro que a grande maioria, vamos ter que ainda mais apertar o cinto, até sem mais o conseguirmos fazer. E vamos nos ver gregos. Não vamos conseguir tentar igualar os irlandeses. E vamos focando-nos no nosso fado, na nossa saudade, na nossa vitimização, que é que dá notícias, o que abre telejornais e o que nos desgraça mais do que já estamos.
Ainda: Há mais vida para além de…se quisermos assumir que ter tudo do bom e do melhor não é possível, que querermos estar com “ter” sempre mais do que o nosso vizinho, acabou. Que seguimo-nos pelas orientações trágicas de algumas notícias e de quem as faz, não tem futuro.
Mas, entre o mau momento a que chegámos e o futuro: Há mais vida para além de…do deficit, da austeridade, da tragédia, dos telejornais deprimentes, de telenovelas que nada nos ensinam, de programas sem conteúdo, de tragédias complicadas, que nos ofuscam a nossa vida, já não fácil.
Há mais vida para além de, se quisermos apostar em avançar, talvez fazendo o inverso, hoje, do que foi feito nos últimos 35 anos, ou seja, fazendo mais, poupado mais, investindo mais, assumindo culpas e não as atirando só para os outros, sabendo que temos direitos mas também temos deveres, sabendo que temos que ser educados, que não é unicamente ser instruídos – mas também, sendo muito instruídos - , sabendo que a vida faz-se de um conjunto de situações, boas, menos boas e más, e que todos teremos que ajudar, e não só os outros. E haverá mais vida para além de….., mas todos temos que ajudar, com deveres e também com direitos, e com menos conversa!
Augusto Küttner de Magalhães
Outubro de 2011
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