sábado, 19 de novembro de 2011

Em vez de Greves, exija-se uma União Europeia!



Nas alturas de grandes tensões ou de grandes desconfortos, os sindicatos para não perderem o pé convocam Greves, e todos os que se aproximam destas ideias, aderem às Greves. E se em dados momentos, que já terão duas décadas e mais, algumas -, nem todas, - as Greves, deram benefícios a quem as fez, hoje, não dão. Não tenhamos quaisquer dúvidas.

Como é uso dizer-se “não há dinheiro para mandar tocar um cego”, logo, por muita Greve que se faça, por muitas televisões a darem telejornais de hora e meia a duas horas sobre a Greve, a entrevistar todos e mais alguns e todos a dizerem o que é verdadeiro, que a vida está a ficar insuportável, não é pela Greve – hoje – que vai ficar suportável. Não tenhamos quaisquer dúvidas.

E com entusiasmo – espantemo-nos ou não! - , vamos vendo o filme da Grécia a repetir-se cá, e claro com os ânimos exaltados, vamos começar a assistir a distúrbios nas principais cidades deste País, e ninguém ficará por certo admirado. Concerteza o País – nosso e não do Governo, deste ou de qualquer outro – ficará ainda mais pobre.

O problema nunca se irá resolver com Greves, e as greves dos transportes públicos têm a vantagem de fazer outorgar outros a aderir a greves – os que dos transportes públicos dependem para se deslocar por não terem transporte próprio/individual.

E depois de feitas as greves, os grevistas ficam sempre felizes com a imensa adesão e os empregadores “arranjam” sempre um raio de uns números, em que quase ninguém aderiu. E as televisões, têm telejornais, em cheio. E no da seguinte, estamos todos mais pobres. Excepto os muito ricos, mas esses não somos nós.

Sendo a greve um direito, não é uma obrigação. Sendo a greve um direito, existem alternativas antes de a fazer. E hoje não havendo como ir por essas outras alternativas, por certo não será fazendo greves que os salários irão aumentar, que as pensões de miséria deixarão de o ser, que não nos irão “tirar” o 13º e o 14º subsídio, que se irão criar mais empregos.Claro que o que temos, está mal. Melhor, estás muito mal.

Mas, já vem de trás – e não só do Governo anterior…- e vai agravar-se se não houver vontade de querer ver e resolver o problema de frente. Ou temos uma verdadeira União Europeia, ou vamos todos sucumbir de vez, logo temos que exigir uma verdadeira União, e já! E se o conseguirmos, não serão necessárias Greves, o resto virá por acréscimo, o inverso é que já não será verdade!

Num mundo globalizado, que está a ser dirigido pelo Dinheiro e pelos interesses Económicos de alguns, não interessa, estar-se a pensar que por métodos ultrapassados se resolvem problemas que tinham - teriam ! - solução noutros tempos, mas hoje não terão. E se muitos dizem que os ricos um dia terão que ceder se não, não terão onde viver, desenganem-se que ainda há por aí muitas ditaduras que os recebem de braços abertos. Claro que é melhor estar aqui a Ocidente, mas o aqui Ocidente, pelo caminho que segue, entra – todo - em ditaduras, quer nos EUA quando Obama cair – com uns candidatos Republicanos, muito piores que o Bush filho - , quer aqui na Europa, com nacionalismos, com regressos gloriosos ao passado.

Ainda para mais, onde tantos nunca souberam - e nem querem saber - que a Europa tem tido muitas guerras, e que há pouco mais de 60 anos teve uma que tudo destruiu, e facilmente, hoje terá outra, e com ditaduras, é atear a gasolina espalhada, com um fósforo – ainda existem….fósforos e que livremente e com gozo, assim os queira utilizar.

As manifestações, em vez de Greves que tudo paralisam sem resultados, hoje - , deveriam ser junto a tudo que possam ser instituições a nível europeu que possam ter influência na Governação Europeia, como protesto por essa Governação ser uma palhaçada autêntica, de haver “tantas” instituições europeias, essencialmente em Bruxelas , que não têm qualquer poder, e que devem tê-lo. E que não pode ser a senhora da Alemanha, a mandar, o francês, é um pau mandado. E a crise, está a chegar a países que andavam escondidos a ver se não eram atingidos e já lá está: Áustria, Bélgica, e mais virão, e não são periféricos, não são os atrasados do Sul…..Não somos nós periféricos, é uma Europa desavinda! Em Crise.

Logo, haja empenho em exigir uma Europa Unida e Democrática sem ir para Greves que mais empobrecem, que tudo podem partir - ainda mais - , e chamar ditaduras, e guerras, e aí estamos “desfeitos” por muitas décadas…


Augusto Küttner de Magalhães

Novembro de 2011

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

.Porque silenciam a ISLÂNDIA?.

Troika, ministros, presidentes, economistas,
jornalistas,
chanceleres, membros da
nato e da CE, comentadores, politólogos, génios das soluções já inventadas -
mas e o exemplo da Islândia ninguém pega nele?

Qual a razão?


Porque silenciam a ISLÂNDIA?


(Estamos neste estado lamentável por causa da
corrupção interna -pública e
privada com incidência no sector bancário - e pelos juros usurários que a Banca
Europeia nos cobra. Por isso, acho que era altura de falar na Islândia, na
forma como este país deu a volta à bancarrota, e porque não interessa a certa
gente

que se fale dele. Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro
país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno
país

perdido no meio do mar, deu a volta à crise.

Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do
sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não
alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar.

Em **2007 a** Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento
excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se
afogou num oceano de crédito mal parado. Exactamente os mesmo motivos que
tombaram com a Grécia, a Irlanda e Portugal.

A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante
muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas
"macaquices" bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no

ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal
detinha o 40º lugar).

País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então
governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até levar o
país à miséria.

Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o
PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura deste organismo
não teve comiseração, e a tal "ajuda" ir-se-ia

traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para
cima), que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das
famílias islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de
350 Euros / mês ao FMI. Parte desta ajuda seria para "tapar" o buraco
do principal Banco islandês.

Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados
dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das
falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos
accionistas dos Bancos e seus credores.

E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora
aguentar com os seus próprios prejuízos.

O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo,
tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má
gestão bancária e a pactuar com as imposições

avaras do FMI.

Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização
de novas eleições.

Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a
eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta
classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido
renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o
Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63
deputados da Assembleia).

O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha.

Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo:
aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa

em favor de outra produtiva e exportadora, e tratar de

ingressar na UE e no Euro logo que o país estivesse em condições de o fazer,
pois numa fase daquelas, ter moeda própria (coroa islandesa) e ter o

poder de a desvalorizar para implementar as exportações, era fundamental.

Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável
aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa. Os cortes na
despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não "estragar" os
serviços públicos tendo-se o cuidado de separar o

que o era de facto, de outro tipo de serviços que haviam sido criados ao longo
dos anos apenas para serem amamentados pelo Estado.

As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e
conseguiram os tais empréstimos de que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a
pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser
assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas
características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da
crise sem estender a mão à Banca internacional. Um exemplo perigoso demais.

Graças a esta política de não pactuar com os interesses descabidos do
neo-liberalismo instalado na Banca, e de não pactuar com o formato do actual
capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma
política interna onde os islandeses faziam sacrifícios,

mas sabiam porque os faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios,
sair da recessão já no 3º Trimestre de 2010.

O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua
caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias
melhores. Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu
com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem
que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem

a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas.

Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial,
pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações..
Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é
sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social
básica, não foi tocado.

Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos. Não tardarão
meia dúzia de anos, que a Islândia retome o seu lugar nos países mais
desenvolvidos do mundo.

O actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos. Está a
cumprir, de A a Z, com as promessas que fez.

Se isto servir para esclarecer uma única pessoa que seja deste pobre país aqui
plantado no fundo da Europa, que por cá anda sem eira nem beira ao sabor dos
acordos milionários que os seus governantes acertam

com o capital internacional, e onde os seus cidadãos passam fome para que as
contas dos corruptos se encham até abarrotar, já posso dar por bem empregue o
tempo que levei a escrever este artigo.
Apetece gritar ...

A C O R D A I !!!
O inferno continua...
a gadanha ameaça o povo
e o cheiro a enxofre perdura no ar !

domingo, 13 de novembro de 2011


Quando a China mandar na Europa


Face à total falta de vontade que a Europa vai demonstrando em se verdadeiramente unir, para se defender, para se interligar, a única alternativa “encontrada por esta Europa desorientada” é pedir ajuda, agora, “fora da Europa”!

Já não são os países em aflição a pedir dentro da Europa aos seus poderosos – Alemanha, Áustria, Holanda, Finlândia, - mas são estes a proclamar que não ajudam quem não merece, pelo que, a ajuda em vez da União, tem que vir de fora da China, do Brasil, até da Rússia.

Claro que, quem está em melhores condições para ajudar uma Europa em desespero é quem tem mais dinheiro disponível, ou seja a China.

Mas ninguém, mesmo ninguém estará à espera que a China, que quer ultrapassar os EUA em 2020, passando a maior potência económica e militar / mundial, vai ajudar a Europa, sem querer com “isso” ter muitos proveitos.

A China, hoje, já é detentora de 60% da divida dos EUA, e vai passar a ser a dona de boa parte da Europa dado que esta não quer fazer um bloco unido, uma verdadeira União Europeia. A Europa, sempre se foi retalhada, e quando parecia ter mudado de rumo, voltou aos nacionalismos separatistas, exacerbados e estúpidos.

E, assim, vamos começar a ver os chineses a despejar cá para dentro dinheiro, e atrás disso virão todos os artigos produzidos na China, todas as ordens imanadas da China, a bandeira da U.E passará ta ter o fundo vermelho, e a Alemanha a Áustria, a Holanda e Finlândia, terão como primeira língua: o chinês. Os mais atrasados, já nem língua terão….

Em vez de termos um mundo global com parecerias igualitárias entre Europa, EUA, China, Índia, Brasil, Japão e Rússia, vamos pôr-nos a jeito para a China tudo dominar, por total incompetência, incapacidade e estupidez europeia. Sem dúvida que o mundo de hoje, não tem líderes, tem pequenos e maus chefes, e o único que seria capaz, Obama, está amarrado a uns republicanos, ultraconservadores, que só querem poder, pelo poder.

E quando a China se instalar em força aqui na Europa, teremos obrigatoriamente que obedecer. Viva a China, por ser hoje capaz de sozinha fazer o que todo o Ocidente se incapacitou de fazer.


Augusto Küttner de Magalhães

Novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

À ATENÇÃO DA "DUPLA" MERKEL/SARKOZY:


Troca de cartas publicadas na revista Stern.

Há algum tempo, foi publicada na revista Stern, uma “carta aberta” de
um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”,
com os seguintes título e sub-título:

Depois da Alemanha ter tido de salvar os bancos,
agora tem de salvar também a Grécia!

Os gregos, que primeiros fizeram alquimias com o euro,
agora, em vez de fazerem economias, fazem greves

Caros gregos,
Desde 1981 pertencemos à mesma família.
Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum,
com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca
de 100 mil milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de
qualquer outro povo da U.E.
Nunca nenhum povo até agora ajudou tanto outro povo e durante tanto tempo.
Vocês são, sinceramente, os amigos mais caros que nós temos.
O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como nos enganam a nós.
No essencial, vocês nunca mostraram ser merecedores do nosso Euro.
Desde a sua incorporação como moeda da Grécia, nunca conseguiram, até
agora, cumprir os critérios de estabilidade. Dentro da U.E., são o
povo que mais gasta em bens de consumo
Vocês descobriram a democracia, por isso devem saber que se governa
através da vontade do povo, que é, no fundo, quem tem a
responsabilidade. Não digam, por isso, que só os políticos têm a
responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir
aos impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os
gastos públicos e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm
tido e têm.
Os gregos são quem nos mostrou o caminho da Democracia, da Filosofia e
dos primeiros conhecimentos da Economia Nacional.
Mas, agora, mostram-nos um caminho errado. E chegaram onde chegaram,
não vão mais adiante!!!

Na semana seguinte, a Stern publicou uma carta aberta de um grego,
dirigida a Wuelleenweber:

Caro Walter,
Chamo-me Georgios Psomás. Sou funcionário público e não “empregado
público” como, depreciativamente, como insulto, se referem a nós os
meus compatriotas e os teus compatriotas.
O meu salário é de 1.000 euros. Por mês, hem!... não vás pensar que
por dia, como te querem fazer crer no teu País. Repara que ganho um
número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao teu, que é de
vários milhares.
Desde 1981, tens razão, estamos na mesma família. Só que nós vos
concedemos, em exclusividade, um montão de privilégios, como serem os
principais fornecedores do povo grego de tecnologia, armas,
infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais),
telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc.. Se me esqueço
de alguma coisa, desculpa. Chamo-te a atenção para o facto de sermos,
dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são
fabricados nas fábricas alemãs.
A verdade é que não responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo
desastre da Grécia. Para ele contribuíram muito algumas grandes
empresas alemãs, as que pagaram enormes “comissões” aos nossos
políticos para terem contratos, para nos venderem de tudo, e uns
quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam tombados
de costas para o ar.
Sei que ainda não dás crédito ao que te escrevo. Tem paciência,
espera, lê toda a carta, e se não conseguir convencer-te, autorizo-te
a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE, de PROSPERIDADE,
da JUSTIÇA e do CORRECTO.
Estimado Walter,
Passou mais de meio século desde que a 2ª Guerra Mundial terminou.
QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em que a Alemanha deveria ter
saldado as suas obrigações para com a Grécia.
Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA até agora resiste a saldar com a
Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar as indemnizações
estipuladas), e que consistem em:
1. Uma dívida de 80 milhões de marcos alemães por indemnizações, que
ficou por pagar da 1ª Guerra Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing, no período entre-guerras, que
ascendem hoje a 593.873.000 dólares EUA.
3. Os empréstimos em obrigações que contraíu o III Reich em nome da
Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a 3,5 mil milhões de dólares
durante todo o período de ocupação.
4. As reparações que deve a Alemanha à Grécia, pelas confiscações,
perseguições, execuções e destruições de povoados inteiros, estradas,
pontes, linhas férreas, portos, produto do III Reich, e que, segundo o
determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil milhões de
dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma nota.
5. As imensuráveis reparações da Alemanha pela morte de 1.125.960
gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como dano colateral, 70 mil
mortos em combate, 105 mil mortos em campos de concentração na
Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc., et.).
6. A tremenda e imensurável ofensa moral provocada ao povo grego e aos
ideais humanísticos da cultura grega.
Amigo Walter, sei que não te deve agradar nada o que escrevo. Lamento-o.
Mas mais me magoa o que a Alemanha quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
Amigo Walter: na Grécia laboram 130 empresas alemãs, entre as quais se
incluem todos os colossos da indústria do teu País, as que têm lucros
anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve, se as coisas
continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque
cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos
sempre com privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos
viver sem BMW, sem Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de
comprar produtos do Lidl, do Praktiker, da IKEA.
Mas vocês, Walter, como se vão arranjar com os desempregados que esta
situação criará, que por ai os vai obrigar a baixar o seu nível de
vida, Perder os seus carros de luxo, as suas férias no estrangeiro, as
suas excursões sexuais à Tailândia?
Vocês (alemães, suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da
Eurozona) pretendem que saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais
de onde.
Creio firmemente que devemos fazê-lo, para nos salvarmos de uma União
que é um bando de especuladores financeiros, uma equipa em que jogamos
se consumirmos os produtos que vocês oferecem: empréstimos, bens
industriais, bens de consumo, obras faraónicas, etc.
E, finalmente, Walter, devemos “acertar” um outro ponto importante, já
que vocês também disso são devedores da Grécia:
EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!!!
Queremos de volta à Grécia as imortais obras dos nosos antepassados,
que estão guardadas nos museus de Berlim, de Munique, de Paris, de
Roma e de Londres.
E EXIJO QUE SEJA AGORA!! Já que posso morrer de fome, quero morrer ao
lado das obras dos meus antepassados.
Cordialmente,
Georgios Psomás

Apetece dizer:
toma e vai-te curar!
(in Anónimo Sec XXI)

sábado, 5 de novembro de 2011

Há mais vida para além de…

A célebre e oportuna frase do anterior PR, Jorge Sampaio: “ Há vida para além do orçamento”, foi agora replicada pelo” ainda” Ministro da Economia, O Álvaro, com uma tonalidade diferente: “Há mais vida para além da austeridade”.

Se, Álvaro Santos Pereira, foi - e ainda será - um excelente estudioso, que muitos bons livros escreveu sobre a nossa Economia enquanto professor universitário no Canadá, agora, tem tido umas saídas bombásticas, como a de sugerir - quando falou ao povo pela primeira vez, como Ministro - que o tratem por Álvaro, e não por Senhor Ministro. E mesmo trabalhando muito, não temos entendido – talvez defeito nosso – nada do que tem feito a bem da nossa Economia. Parece um imenso Ministro, com um tremendo Ministério, por certo melhor organizado que muito outros, mas que não parece – erro nosso!? – estar a fazer o que esperávamos fizesse. E frases bombásticas, já soam mal, como a da senhora Ministra deste Governo - também quando falou ao povo pela primeira vez como Ministra - que decretou que os homens não podem usar gravata para evitar ligar o ar condicionado, e como será agora, que vem aí o Inverno?.

Bem, mas por certo de ambos ainda veremos muita “obra” na Economia, nas Pescas, na Agricultura, no nosso País, uma vez que, é para “isso” que lá estão.

E, voltando ao “Há mais vida para além de…”, sem duvida que há. Mas, sem duvida que nós, todos, estamos demasiado focados em algum aspecto concreto da nossa existência, que nos ocupa de tal forma o espírito, que não temos, nem vemos, mais vida, para alem de.

E por muito que se pense que se está sempre a bater na mesma tecla, não tenhamos duvidas que a nossa comunicação social ajuda muito a centramos a vivencia diária em aspectos sensacionalistas, que podem não determinar o que mais deveria ser o objecto de focagem, no nosso presente e no futuro.

E agora, como é o que está a dar, a centralidade da maioria dos nossos jornais, dos nossos telejornais, das nossas rádios, é o OE 2012, e na trapalhada toda que por lá anda, e: não há mais vida para além do deficit, nem da austeridade.

E depois criamos em nosso torno, cada dia, por influências longínquas ou mais próximas, algo que não nos deixe ver que, de facto: Há mais vida para além de…

Assim sendo, vamos todos não conseguindo ter horizontes mais alargados, e nas nossas televisões conseguimos só ver muito de bom que ainda fazemos, que ainda nossos concidadãos fazem cá dentro e lá fora, se tivermos “força” para ter a televisão sem som na 1ª hora do telejornal, e na ultima ligarmos o som, e vemos que : Há mais vida para além de…OE 2011, deficit, austeridade, tragédia, desgraça, infortúnio…

E o mesmo, se conseguirmos não estar focados na maioria das primeiras paginas, da grande maioria dos jornais que vemos, na grande maioria das nossas bancas.

Mas se assim continuarmos, sem dúvida que não temos mais vida para além da penúria efectiva que vai ser o ano 2012, e “depois” os seguintes. E claro que vai ser tudo muito difícil, e claro que a grande maioria, vamos ter que ainda mais apertar o cinto, até sem mais o conseguirmos fazer. E vamos nos ver gregos. Não vamos conseguir tentar igualar os irlandeses. E vamos focando-nos no nosso fado, na nossa saudade, na nossa vitimização, que é que dá notícias, o que abre telejornais e o que nos desgraça mais do que já estamos.

Ainda: Há mais vida para além de…se quisermos assumir que ter tudo do bom e do melhor não é possível, que querermos estar com “ter” sempre mais do que o nosso vizinho, acabou. Que seguimo-nos pelas orientações trágicas de algumas notícias e de quem as faz, não tem futuro.

Mas, entre o mau momento a que chegámos e o futuro: Há mais vida para além de…do deficit, da austeridade, da tragédia, dos telejornais deprimentes, de telenovelas que nada nos ensinam, de programas sem conteúdo, de tragédias complicadas, que nos ofuscam a nossa vida, já não fácil.

Há mais vida para além de, se quisermos apostar em avançar, talvez fazendo o inverso, hoje, do que foi feito nos últimos 35 anos, ou seja, fazendo mais, poupado mais, investindo mais, assumindo culpas e não as atirando só para os outros, sabendo que temos direitos mas também temos deveres, sabendo que temos que ser educados, que não é unicamente ser instruídos – mas também, sendo muito instruídos - , sabendo que a vida faz-se de um conjunto de situações, boas, menos boas e más, e que todos teremos que ajudar, e não só os outros. E haverá mais vida para além de….., mas todos temos que ajudar, com deveres e também com direitos, e com menos conversa!


Augusto Küttner de Magalhães

Outubro de 2011