sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

POLÍTICA

A nossa política, os nossos políticos, e não só!

Como nunca fui politico, como nunca fui pessoa publica, como nunca me fotografaram ou filmaram publicamente, pode ser que esteja com alguma inveja - dor de cotovelo - mas mesmo assim, atrevo-me, com modéstia a escrever estas linhas.

Não tenho qualquer predilecção pelas nossas televisões, devo ser excepção face aos rating’s, e consigo viver sem ligar o respectivo aparelho, mas, como felizmente não vivo sozinho, “aquilo” é ligado e vai-se vendo. Por vezes, por sugestão minha, sem som!

Um destes dias ao ver, sem ouvir, um qualquer telejornal, são todos iguais, foram desfilando as tragédias usuais, exploradas até mais não ser possível, e sem ouvir, presta-se menos, ou quase nenhuma atenção, e vamos entre nós falando. E, caso queiramos estar ao corrente do que acontece de importante neste nosso mundo, podemos fazê-lo, lendo o que ainda com alguma, bastante, suficiente, qualidade se escreve neste país, e não só. E de forma acessível, não necessariamente dispendiosa.

Bem, voltando à televisão, sem som: estavam a passar imagens do Parlamento, e é curioso ver que andam, por lá sempre, sempre, os mesmos. Uns que nunca foram, e nunca serão governação e estão sempre nas mesmíssimas bancadas, mais às esquerdas, sempre a parecer estar maldispostos, e sempre a ter que barafustar, protestar, opor-se.

Quanto ao que é uso chamar de “arco da governação”, é sempre, exactamente o mesmo, tirando uma ou outra excepção, são os mesmos, são iguais. E rodam, ora estão nas suas bancadas parlamentares, ora estão no Governo, ora estão numa empresa pública, ora voltam às bancadas. E, como são sempre os mesmos, vê-los sem os ouvir, é muito mais curioso, podemos até adivinhar o que dizem, como dizem, e não nos interrompem, nas nossas conversas em casa. E mesmo que os tempos mudem, dizem o mesmo. E mais do mesmo. Todos.

Talvez nesta legislatura, por razoes obvias, a maioria dos anteriores membros do Governo está – todinha – no Parlamento, e os sempre dos partidos mais “à direita” – em local, já não em ideologias – estão na Governação. Hoje, governação, é fazer, o que, os que nos emprestam dinheiro, mandam fazer!

Ou seja, vemos tudo sempre muito linear, tudo muito igual, tudo muito previsível. Sempre mais do mesmo, que parece não ter resultado, por certo, erro de análise de quem escreve estas linhas e tem inveja.

E quando vemos umas caras novas, são já antigas, dado que andaram desde quase criancinhas a militar no Partido, ou com familiares por lá, qual sucessão dinástica.

E num momento em que já deu para entender que não é com mais do mesmo e dos mesmos que vamos resolver o nosso presente, e claro o nosso amanha, temos tudo igual. Seria por certo necessário haver uma atitude diferente de tudo e de todos. Outros mais novos, mais terra – a – terra, mais próximos, mais humanos, com ambições mas comedidas, com vontade de muito fazer gastando o menos possível, criando qualidade de vida para si próprios – sem duvida – mas também para todos os outros, todos nós, toda a população. Todos. Todos. E saberem ter causas, para as bem defender, claro não matando os mais velhos por sermos um estorvo, antes podendo usar os velhos como quem acumulou informação e conhecimento, se bem que não tendo necessariamente que seguir estes conselhos, talvez já totalmente fora de tempo.

Mas, está também chegado o momento de deixarmos – todos - sempre de dizer, que a culpa, os defeitos, os maus são “eles”. São os “outros”. Não é verdade, dado que por actuação ou por omissão, fomos “nós” também, fomos “todos nós”, sem dúvida, menos capazes, menos competentes, suficientemente maus.

E agora, por actuação, por influência, por provocação, deveremos todos ajudar, a estar melhor, a fazer melhor, a ser melhor, a acabar com mais do mesmo. Os jovens à frente, os velhos atrás, os primeiros actuam, agem, fazem, os segundos sugerem, sendo que estas sugestões podem totalmente ser não seguidas, para evitar mais do mesmo, mas podem ser uma orientação. E até passarmos a ter e “ouvir” telejornais de 15 minutos – máximo - , e nunca de 90 , talvez também viessem a ajudar. Tudo utopias, mas pensar ainda é permitido.


Augusto Küttner de Magalhães

Janeiro de 2012


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A. Küttner de Magalhães

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

2ª Visita à Expo- Um Diário da República - EDP Porto

2ª Visita à Expo- Um Diário da República - EDP Porto



Depois de tanto se falar da EDP, seja pelos chineses, seja pelas nomeações tão controversas, ou não, de portugueses, seja pelo que possa ser, apetece em meados deste Janeiro de 2012, revisitar no Porto, na Fundação EDP, a exposição: Um diário da Republica / Kameraphoto.

Muitas fotografias, excelente fotografias, feitas ao longo de todo o ano de 2010 - 100 Anos da República(!!!) - por um grupo de fotógrafos, reunido na colectivo Kameraphoto, que viajou longamente por Portugal, a fotografar, Portugal.

Voltando a duas frases de João Pinharanda ,que fazem parte de brochura de apresentação desta exposição:

- A obra possui a dimensão de intimidade e de reflexão, de segredo e de indignação, de poesia e de tristeza, de propostas e sonhos de todos os diários.

- ...detemo-nos em episódios soltos ou seguimos pequenas narrativas, uma imagem choca-nos, noutra reconhecemos um rosto, rimo-nos de uma pose, admiramos uma paisagem.

Nesta 2ª visita, talvez por ter regressado o tempo de chuva depois de uns dias maravilhosos de tanto sol, ou, depois de percebermos que a mentalidade dos que nos governam é igual à de todos os que antes lá estavam e que este diziam estar mal, por talvez em cada dia que passa conseguirmos apercebermo-nos que assim não vamos lá, País e Ocidente, foi esta visita feita com tristeza. Não pela exposição, mas por se pensar que : assim não vamos lá!

Todas as fotografias são muito factuais, muito exactas, muito de Portugal, mas desta vez, o que me tocou mais, foram os rostos tristes, os olhos sem força, parece que o destino tomou conta deles, as situações de pobreza, pessoas desconfortáveis "por terem falta de conforto, como algo -muito, muito intenso - a atormentá-las!

Está aqui, Portugal, sem subterfúgios, sem feitiços, sem disfarces, não me foi fácil desta vez vermo-nos aqui fotografados. Talvez por o fado ainda pairar na mente de alguns, talvez por não se saber ser transparente no topo o que faz que a base fica mal...algo vai muito mal neste nosso País, e já estalava em 2010, .......mas está pior em 2012, e ainda só estamos no inicio.....

Por certo a próxima visita ser-me-á mais agradável.....por certo são os meus olhos e pensamentos que estão errados, hoje, nesta 2ª visita....


Augusto Küttner de Magalhães


13.01.2012

sábado, 7 de janeiro de 2012

Cidades ; Espinho no final de 2011


Cidades; Espinho no final de 2011



Voltar a dar um passeio por Espinho no último dia do ano 2011, faz-nos pensar que perdemos de Norte a Sul, no nosso País, oportunidades de um diferente e bem melhor desenvolvimento sustentado e sustentável, por todo o lado.

E tão cedo não voltaremos a ter oportunidade – DINHEIRO! - para corrigir alguns, bastantes, muitos erros de percurso.

Claro que as culpas não são sempre dos outros, são de todos, todos nós. Dos que fizeram, fazem, e dos que se maravilham ou se calam, ou então protestam aos berros e tudo partindo. Falta força cívica, civilizada, com bom senso e futuro, falta ser-se estar-se! Logo: todos somos culpados!

De modo algum Espinho é caso único, bem pelo contrário.

Espinho sonhou com o fim do atravessamento da cidade pela linha do comboio, e retirada esta continua no seu lugar um espaço que parece ser a memória presente e futura do que ali havia, e se queria que deixasse de haver.

Ou seja, a ligação sem obstáculos – nenhuns, nenhuns. Espinho como um todo, à beira mar, não acontece. Mesmo deixando de ser atravessada fisicamente pela linha férrea. E, tudo irá ficar assim, como está, até haver dinheiro, seja chinês, seja de onde vier, que permita, com senso, com cuidado, com planeamento, fazer o que não foi feito: Espinho ficar uma cidade contínua até ao mar!

Um espaço recente, agora visitado a Biblioteca Municipal José Marmelo e Silva. Um lugar aberto, bem iluminado – por vezes não o são - bem aproveitado, com Gente, com Pessoas de todas as idades, a bem aproveitá-lo. Muitas vezes estes espaços são lindos, mas não são feitos para “efectivamente ter gente lá dentro”! Jovens a estudar, menos jovens a ler, outros a aproveitar os jornais – vários – gratuitos. Os livros. Um espaço com vida a ser vivido.

Ao lado, perto, um grande edifício, já não recente, com uma exposição a Manuel Violas.

Mais adiante árvores - que deixaram de lá estar - no espaço da Feira Semanal. Quando se mexe, é usual deitar abaixo árvores! Em todo o lado, em todo o País, mesmo que a ninguém estorvassem.

Várias lojas de rua deixaram de existir e outras seguirão o mesmo caminho. A força dos Centros Comerciais fez morrer os centros históricos das cidades, e todos ajudamos, e todos lá vamos e todos gostamos e gastamos. Agora vai ser tarde, para inverter esta situação.

À entrada vindos de norte, podemos ver dois recentes supermercados – as marcas usuais – e um hipermercado – a marca usual, igual em todo ao País! São as marcas do País desenvolvido que não soube par além deste necessário desenvolvimento, não perder a história local, as características de cada zona, actualizando-as, não as aniquilando. É, em parte tudo muito igual. E tudo igual, basta, ver num local.

Ficou “algo” por fazer, que não será feito nos tempos próximos.

Esperemos que não só em Espinho, mas também em Braga, em S. João da Madeira, em Viana do Castelo, em Valença, em Évora, em Lisboa, no Porto.

E repetindo: Claro que as culpas não são sempre dos outros, são de todos, todos nós. Dos que fizeram, fazem e dos que se maravilham ou se calam, ou então protestam aos berros e tudo partindo. Falta força cívica, civilizada, com bom senso e futuro, falta ser-se estar-se! Logo: todos somos culpados!


Augusto Küttner de Magalhães


Janeiro de 2012