sexta-feira, 18 de novembro de 2011

.Porque silenciam a ISLÂNDIA?.

Troika, ministros, presidentes, economistas,
jornalistas,
chanceleres, membros da
nato e da CE, comentadores, politólogos, génios das soluções já inventadas -
mas e o exemplo da Islândia ninguém pega nele?

Qual a razão?


Porque silenciam a ISLÂNDIA?


(Estamos neste estado lamentável por causa da
corrupção interna -pública e
privada com incidência no sector bancário - e pelos juros usurários que a Banca
Europeia nos cobra. Por isso, acho que era altura de falar na Islândia, na
forma como este país deu a volta à bancarrota, e porque não interessa a certa
gente

que se fale dele. Não é impunemente que não se fala da Islândia (o primeiro
país a ir à bancarrota com a crise financeira) e na forma como este pequeno
país

perdido no meio do mar, deu a volta à crise.

Ao poder económico mundial, e especialmente o Europeu, tão proteccionista do
sector bancário, não interessa dar notícias de quem lhes bateu o pé e não
alinhou nas imposições usurárias que o FMI lhe impôs para a ajudar.

Em **2007 a** Islândia entrou na bancarrota por causa do seu endividamento
excessivo e pela falência do seu maior Banco que, como todos os outros, se
afogou num oceano de crédito mal parado. Exactamente os mesmo motivos que
tombaram com a Grécia, a Irlanda e Portugal.

A Islândia é uma ilha isolada com cerca de 320 mil habitantes, e que durante
muitos anos viveu acima das suas possibilidades graças a estas
"macaquices" bancárias, e que a guindaram falaciosamente ao 13º no

ranking dos países com melhor nível de vida (numa altura em que Portugal
detinha o 40º lugar).

País novo, ainda não integrado na UE, independente desde 1944, foi desde então
governado pelo Partido Progressista (PP), que se perpetuou no Poder até levar o
país à miséria.

Aflito pelas consequências da corrupção com que durante muitos anos conviveu, o
PP tratou de correr ao FMI em busca de ajuda. Claro que a usura deste organismo
não teve comiseração, e a tal "ajuda" ir-se-ia

traduzir em empréstimos a juros elevadíssimos (começariam nos 5,5% e daí para
cima), que, feitas as contas por alto, se traduziam num empenhamento das
famílias islandesas por 30 anos, durante os quais teriam de pagar uma média de
350 Euros / mês ao FMI. Parte desta ajuda seria para "tapar" o buraco
do principal Banco islandês.

Perante tal situação, o país mexeu-se, apareceram movimentos cívicos despojados
dos velhos políticos corruptos, com uma ideia base muito simples: os custos das
falências bancárias não poderiam ser pagos pelos cidadãos, mas sim pelos
accionistas dos Bancos e seus credores.

E todos aqueles que assumiram investimentos financeiros de risco, deviam agora
aguentar com os seus próprios prejuízos.

O descontentamento foi tal que o Governo foi obrigado a efectuar um referendo,
tendo os islandeses, com uma maioria de 93%, recusado a assumir os custos da má
gestão bancária e a pactuar com as imposições

avaras do FMI.

Num instante, os movimentos cívicos forçaram a queda do Governo e a realização
de novas eleições.

Foi assim que em 25 de Abril (esta data tem mística) de 2009, a Islândia foi a
eleições e recusou votar em partidos que albergassem a velha, caduca e corrupta
classe política que os tinha levado àquele estado de penúria. Um partido
renovado (Aliança Social Democrata) ganhou as eleições, e conjuntamente com o
Movimento Verde de Esquerda, formaram uma coligação que lhes garantiu 34 dos 63
deputados da Assembleia).

O partido do poder (PP) perdeu em toda a linha.

Daqui saiu um Governo totalmente renovado, com um programa muito objectivo:
aprovar uma nova Constituição, acabar com a economia especulativa

em favor de outra produtiva e exportadora, e tratar de

ingressar na UE e no Euro logo que o país estivesse em condições de o fazer,
pois numa fase daquelas, ter moeda própria (coroa islandesa) e ter o

poder de a desvalorizar para implementar as exportações, era fundamental.

Foi assim que se iniciaram as reformas de fundo no país, com o inevitável
aumento de impostos, amparado por uma reforma fiscal severa. Os cortes na
despesa foram inevitáveis, mas houve o cuidado de não "estragar" os
serviços públicos tendo-se o cuidado de separar o

que o era de facto, de outro tipo de serviços que haviam sido criados ao longo
dos anos apenas para serem amamentados pelo Estado.

As negociações com o FMI foram duras, mas os islandeses não cederam, e
conseguiram os tais empréstimos de que necessitavam a um juro máximo de 3,3% a
pagar nos tais 30 anos. O FMI não tugiu nem mugiu. Sabia que teria de ser
assim, ou então a Islândia seguiria sozinha e, atendendo às suas
características, poderia transformar-se num exemplo mundial de como sair da
crise sem estender a mão à Banca internacional. Um exemplo perigoso demais.

Graças a esta política de não pactuar com os interesses descabidos do
neo-liberalismo instalado na Banca, e de não pactuar com o formato do actual
capitalismo (estado de selvajaria pura) a Islândia conseguiu, aliada a uma
política interna onde os islandeses faziam sacrifícios,

mas sabiam porque os faziam e onde ia parar o dinheiro dos seus sacrifícios,
sair da recessão já no 3º Trimestre de 2010.

O Governo islandês (comandado por uma senhora de 66 anos) prossegue a sua
caminhada, tendo conseguido sair da bancarrota e preparando-se para dias
melhores. Os cidadãos estão com o Governo porque este não lhes mentiu, cumpriu
com o que o referendo dos 93% lhe tinha ordenado, e os islandeses hoje sabem
que não estão a sustentar os corruptos banqueiros do seu país nem

a cobrir as fraudes com que durante anos acumularam fortunas monstruosas.

Sabem também que deram uma lição à máfia bancária europeia e mundial,
pagando-lhes o juro justo pelo que pediram, e não alinhando em especulações..
Sabem ainda que o Governo está a trabalhar para eles, cidadãos, e aquilo que é
sector público necessário à manutenção de uma assistência e segurança social
básica, não foi tocado.

Os islandeses sabem para onde vai cada cêntimo dos seus impostos. Não tardarão
meia dúzia de anos, que a Islândia retome o seu lugar nos países mais
desenvolvidos do mundo.

O actual Governo Islandês, não faz jogadas nas costas dos seus cidadãos. Está a
cumprir, de A a Z, com as promessas que fez.

Se isto servir para esclarecer uma única pessoa que seja deste pobre país aqui
plantado no fundo da Europa, que por cá anda sem eira nem beira ao sabor dos
acordos milionários que os seus governantes acertam

com o capital internacional, e onde os seus cidadãos passam fome para que as
contas dos corruptos se encham até abarrotar, já posso dar por bem empregue o
tempo que levei a escrever este artigo.
Apetece gritar ...

A C O R D A I !!!
O inferno continua...
a gadanha ameaça o povo
e o cheiro a enxofre perdura no ar !

Um comentário:

  1. Se não houver vontade/coragem de deixar de ter o senhor Dinheiro com o deus de uns quantos, cada vez menos, mas cada vez com muito mais dinheiro, não vamos lá.

    Vamos: alegremente empobrecendo a cada dia que passa, e o problema não é de Portugal - somos pequenos demais - é do Mundo Ocidental....

    A.Küttner de Magalhães

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